
A Marx se deve a observação pertinente de que os povos que escravizam outros se tornam escravos dos escravos. No caso de José Craveirinha, essa condição viveu-a em primeira mão. Filho de um modesto policial, que nunca obteve uma patente e morreu em um leito hospitalar, pobre como quando desembarcou na África, foi considerado um ‘assimilado’, pois mestiço. Para se ‘assimilar’ é preciso mostrar integridade moral e viver de acordo com o estilo de vida ocidental. A avaliação desses modos e comportamentos decidi-a a PIDE e a governadoria. E porque não havia escolas para o povo indígena, era muito difícil para ele ganhar os benefícios da cultura portuguesa. José Craveirinha pôde frequentar escolas regularmente e obter uma licença de ensino médio.
A linguagem utilizada por o poeta apresenta uma constante tensão polêmica, uma vez que se baseia na busca por estruturas e termos que respondam à realidade moçambicana…
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