aqui agora

não desenho palavras nem sei de outra música que a das imagens roubadas à vida a máquina fotográfica não gosto de câmera os meus dedos incapazes de desenho nada de novo trago aos dias apenas isto este estar aqui agora a inventar
é dia ainda
é dia ainda e já se ouve o uivar do lobo a memória acende nos lábios as palavras guardadas quase esquecidas necessárias é dia ainda e já se sente o fedor da besta junta-se na praça a alcateia vindos de longe respondem ao chamado sedentos de carniça é dia ainda e já sabemos que o uivo o fedor mau prenúncio são ao engano quantos irão
Recriação da safra à moda antiga” – foto 20
dilema
quantos és que te não sabes só és muito e tão pouco te sentes a casa fizeste à tua medida pequena e enorme dizes tua não é nunca o foi por entre as paredes a solidão cresce e és tu em tudo habitas o dilema como o sal o tempo escorre
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 18
a estória destes dias
escrevo-te de dentro do silêncio apenas os pássaros da vizinha cantam silencioso escrevo-te de dentro do silêncio digo-te ouvir uma porta bater é sinal de vida dos amigos chega pelo telemóvel a voz o abraço é esta a estória destes dias
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 16
é quando o vento sopra forte
é quando o vento sopra forte que das árvores caem ramos folhas frutos alguns vermes é quando o vento sopra forte que as gaivotas pairam poisadas no vento por sobre o mar é quando vento sopra forte em dias de sol que se faz mais sal no talho mas não flor