no cozinhar dos dias
o tempero és tu que o escolhes
é tempo de escolha
não erres no tempero
sê sábio na escolha
pensa nos que contigo
à mesa se sentam
ou deviam sentar
ao peso dos anos
curva-se o corpo
amargo tempo este
salgados olhos
vazios braços
famintos de abraços
curva-se o corpo
ao peso dos anos
ouve-se longe o silêncio
não desenho palavras
nem sei de outra música
que a das imagens
roubadas à vida
a máquina fotográfica
não gosto de câmera
os meus dedos
incapazes de desenho
nada de novo
trago aos dias
apenas isto
este estar aqui agora
a inventar