o voto em dia de (re)flexão
voto de castidade votos sinceros voto de qualidade voto útil voto em branco voto nulo voto consciente voto comprado voto vencido voto em urna voto electrónico voto por correspondência voto em ti voto em mim voto por fim
um cravo para ti
mais do que a palavra
somos o gesto
mais do que o pensar
somos o fazer
mais do que únicos
somos solidários
não somos diferentes
somos assim
temos a liberdade de o ser
por isso lutámos
temos a liberdade de te dizer
é teu o que conquistámos
mesmo que o não sintas
porque não viveste o antes
mais do que a mão que fere
somos a mão que dá
nessa mão um cravo
um cravo para ti
hoje que é 25 de abril
e tu sem o sentires
és a razão de termos feito
de continuarmos a ser
mais do que a palavra
o gesto
dentro dele o teu cravo
(coimbra; 25 de abril de 2017)
como somos breves
como é ilusório este corpo onde
pendurado o pensar
sento-me e vejo que tudo passa
num infinitésimo de tempo
passado presente e futuro estão
caio e levanto-me ainda
sorvo o instante como se o último
e grito como se nascesse
digo de mim
(da janela do comboio, algures entre coimbra e a figueira da foz
e escreveu-lhes uma carta
num tempo em que alguns se queixam de já não se escreverem cartas de amor, o tó-zé, pelo seguro, resolveu escrever uma carta, não de amor, mas de “esclarecimento”.
é jovem, provavelmente não pensa e … coisa mais grave, escreve o que não deveria sequer deixar que da boca lhe saísse.
dizer à troika o que se passa em portugal…. é ingénuo? pensa-nos tolos? faz deles parvos? ou …. nem sei.
mais, será que o jovem não sabe que as técnicas estão ao serviço de uma política? nunca lhe falaram nisso ou, mais uma vez, é uma farsa levada à cena neste palco de pobreza muita e variegada que se chama portugal?
não satisfeito com o envio da missiva em causa ao destinatário, entreteve-se a tirar cópias que enviou a quem de direito (ou de direita, conforme os casos).
de facto dá para pensar, como muitos portugueses, que seguro é o seguro de coelho.
ouvimos as mãos
poisarem sobre as teclas
amarem-nas
ouvimos
a memória de um jovem
que aos 41 anos de idade
partiu
para onde pianos
não há
tocará
ainda
dentro de nós
enquanto
ouvirmos as mãos
poisarem nas teclas
http://www.youtube.com/watch?v=wNCz0NYIVBc&feature=share
bernardo sasseti morreu hoje
em nome da produtividade tudo nos leva o exterminador, que homem só não é, mas todo um governo de trogloditas (sabe-me tão bem esta palavra aqui), com infiltrações internacionais.
foram-se feriados, vão-se dias de férias, aumenta-se o horário de trabalho, reduzem-se remunerações … e não há judiciária que chegue para tanto roubo.
mas, falemos de produtividade, não teoricamente mas em termos práticos, através da minha experiência profissional e pessoal.
na década de 90 fui consultor de uma das maiores multinacionais alemãs de confecção têxtil, para a instalação de duas unidades de produção. Criaram-se cerca de 1.500 postos de trabalho, com recurso a todos os fundos comunitários possíveis.
os trabalhadores, na sua maioria mulheres, foram recrutados entre jovens sem qualquer experiência industrial, saídos do ensino ou dos campos de cultivo da economia familiar. Durante 2 anos foi-lhes ministrada formação e iniciaram, logo que possível, a produção.
ao fim de dois anos pedi ao encarregado geral, representante da empresa mãe numa das unidades, que fizesse uma avaliação da produtividade média das trabalhadoras, para termos uma ideia concreta do trabalho realizado.
para surpresa dele, e minha, a produtividade ultrapassava os 90% de uma operária alemã, com anos de experiência e vencimento muitas vezes superior.
produtividade baixa em portugal? só por falta de investimento em equipamento moderno e de topo. a maioria dos empresários portugueses, mais patrões que outra coisa, ainda baseiam os seus lucros na mão de obra barata e nos ganhos a curto prazo. pois, meus caros, eles sim, é que deviam ser objecto de todos os cortes, que trabalhem!
mudando o ditado: à banca e ao patrão dá sempre o governo a mão.
e porque vem a talhe de foice, um episódio que revela bem o espírito germânico de controlo de produção.
tempos depois vim a saber que as trabalhadoras que engravidavam não tinham o seu contrato renovado. questionei o responsável pela fábrica sobre esta matéria e foi-me dito que tinha que ser, em nome da produção, e para não se criarem maus hábitos; acrescentou, mesmo, que num país do norte de áfrica, numa fábrica que lá tinham montado, dissolviam a pílula na sopa do almoço, o que aqui não era possível.
em poucos anos as duas fábricas encerraram. já tinham sugado o que podiam e partiam para outro país.
vão à merkel