da biblioteca
só rodeado de uma multidão de vozes os meus livros confinados conversamos
bom ano
queria falar-te dos dias do tempo cortado às fatias invenção dos filósofos padeiros que pão inteiro era coisa de povo queria falar-te dos anos e outros pedaços maiores do tempo que nem esse para todos igual é falo-te da fome da doença da miséria de como crescem longe e perto escondidos ou mostrados consoante a notícia o exige não o ser homem queria falar-te dos dias quando o ano está a acabar e dizer-te que tudo está diferente e tudo ficou na mesma queria dizer-te que não mudei sou eu o mesmo de sempre desde que comecei a ser quem sou a ter o meu tamanho queria dizer-te que podes contar comigo quando os braços se juntam e é justa a causa queria dizer-te que não estou a teu lado nem calarei a mentira a injustiça o cinismo oiço bem vejo bem sei o que quero bom ano
amizade
(para o mirco bompignano)
não há mar que nos aparte nem terra que barreira seja caminhei por sobre a ria ao encontro do mar e o inverso que caminho também o era não há mar que nos aparte nem terra que barreira seja o sentir vai e vem por onde caminhar pode sem saber de outro destino que o encontro não há mar que nos aparte nem terra que barreira seja apenas uma palavra percorre estes dias e é amizade