não chores o passado
que morto está
hoje é hoje e tu também
(quando semear arroz é coisa de casal; borda do campo; 2019)
não chores o passado
que morto está
hoje é hoje e tu também
(quando semear arroz é coisa de casal; borda do campo; 2019)
não escrevo guardo em branco fica tudo defraudo o plagiador obrigo-o a plagiar o meu silêncio aí sim ele é perfeito quem não vê a luz são palavras talvez um poema hipótese remota ganhei a batalha daqui ninguém rouba nada porque nada escrevi o plagiador ganhou a poesia talvez não tenha perdido nada mas é assim hoje
(semear arroz; borda do campo; 2019)
não escrevo tudo o que sinto porém sinto tudo o que escrevo não sei de exercícios de estilo
(semear arroz de forma tradicional; borda do campo; 2019)
libertaram os escravos das correntes inventaram o mercado do trabalho e a escravatura floriu de novo ora livre
(semear arroz de forma tradicional; alqueidão; 2019)
perguntei por mim ninguém sabia como achar-me assim
(semear arroz tradicionalmente; marcação de referências; borda do campo; 2019)
onde estou não sei onde fui também não é no ir que me encontro
(semear tradicional de arroz; borda do campo; 2019)
ser ainda vertical saber o valor da palavra dada ler nos olhos não nos lábios dizer não com a convicção que dizer sim seria verdadeira negação resistir e sobreviver sabendo que os valores não têm cotação na bolsa se bem que pela sua venda muitos encheram o bolso ser eu ainda apesar de
dizer-te tudo em palavras poucas é arte em que não me atrevo em silêncio te beijo e te entregas eis o poema que não consigo escrever
semear
semear arroz; borda do campo; 2019
semear não é colher
arroz, o oiro do baixo mondego (sementeira manual em zona não emparcelada)
falo ainda das mãos quando tas dou em silêncio sim no silêncio mais íntimo onde mãos com mãos se dizem o que palavras jamais falo ainda das mãos falarei sempre condenação de as ter
borda do campo; 2019