
(murtosa; regata do bico; 2007)

era uma vez no oeste
falarei ainda do silêncio da memória de ter sido do sopro no teu ouvido de dois corpos nus de duas sedes de duas fomes de um só desejo no mesmo beijo falarei ainda do silêncio até que não me oiçam até que dentro de ti me sintas e seja o nosso o grito
(murtosa; regata do bico; 2010)
infinitas manhãs
infinitas manhãs de gestos suspensos no vazio de não haver tecto infinitas manhãs de impiedosas mãos desfiguradas num enclavinhar de dedos na lisura das paredes infinitas manhãs de doridos olhos encovados na palidez do rosto arrastando-se fundos pelo dia imposto infinitas manhãs porque não me deixais dormir