digo eu

torreira; o estender do saco; 2016
não escrevas o que não sentes até a matemática transborda de sentires
amigos
então trocas os nomes confundes os rostos reconheces a voz mas é tarde não tardou o tempo a crescer onde diminuis então trocas os nomes os que não esqueceste que a memória também os amigos sorriem e respondem por um nome que não é o deles os amigos são para além do nome o gesto o abraço o sorriso então sorris também porque não há trocas na amizade
salvé salvador
regresso ao sábio labor das pequenas malhas à paciência do pescador encontro o homem escuto-o e aprendo vão colhendo as malhas gélidos os dedos do meu amigo dentro do barco agulha na mão um homem bom espera melhores dias um homem bom que repara redes porque não pode reparar os dias
enredado
encontrar a primeira malha seguir o rasto ao fio caminho inverso ao da agulha depois da primeira muitas mais fizeram a rede mas essas vieram depois encontrar a primeira malha é contar a história da rede da rede toda a começar pelo fim minuciosos os dedos são a ferramenta primeira na escolha cuida deles como da verdade encontra a primeira malha ou em vez de redeiro serás enredado
à companha dos leais
as flores também crescem no mar libertas de vasos e terras duras passam o tempo agora a sonhar os livros escreve-os o olhar
torreira; 2013