postais da ria (432)


foi-se o tempo de ganhar o pão
de voar por sobre as águas
ser mais um da família
o  mais novo o mais velho
o camarada silencioso

cortes precisos exigidos
pelas autoridades vigilantes
o assassinato assistido

as bateiras
morrem retalhadas
sem lágrimas de árvore

(abate de uma bateira; torreira; 2012)

postais da ria (399)


águas vivas

outras as artes outras redes
malhas mais finas
prenderam o sonho
o sol uma vida

o testemunho do tempo
o olhar a guardar a memória
onde agora

safam-se os dias
onde algas secas ainda

a paciência é a arte
da sobrevivência

a reinvenção dos dias
é um tempo cheio de tempo
uma navegação em águas
vivas porque revividas

(torreira; safar redes; 2019)

postais da ria (306)

postais da ria (306)


cravo qualquer coisa
 

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torreira; 17/06/2019

 
guardo as palavras
para depois
de hoje ficam apenas
 
a primeira imagem
e a primeira mensagem
de boas vindas
 
eu conheço-o chama-se
cravo qualquer coisa
já me fotografou na ria
 
é talvez esta a melhor
saudação
vinda de um miúdo
 
terei sido isso
quando ele homem
de mim se lembrar
se
 
cravo qualquer coisa
é tanto