
(torreira; cabrita de pé; 2017)
o filme foi produzido e realizado pela PlexoFilm, nele participo com o poema e a sua dicção
cabrita baixa ou a dança da ria na placidez das águas caminham arrastam mais que o corpo o peso do pão cerram os dentes apertam os punhos sofrem muito porém dançam dizes tu que vês e não entendes do fundo da ria vêm os bivalves do fundo das gentes forças desconhecidas já é tempo de safar o ano dirás que dançam dir-te-ei que esta é outra forma de sobreviver
torreira; cirandar; 2011
escrevo-me
quim marçal
por hoje chega
a carregar berbigão
(torreira; 2017)
auto-retrato (4)
o meu amigo zé de gaia
o tempo escasseia
caminho
na lama da memória
apanho conchas
quase vazias
encho-as de rostos
pesco ao contrário
um chapisco nos dias
o silêncio a cobrir
um nome
arderei até
(torreira; 2014)
ainda
estarei onde
os olhos poisarem
serenos de
sou o que regressa
por ser
esta a terra o mar
as gentes
vivo onde estou
sou onde sinto
um sorriso
questiona-me
já por cá
ainda
os “henrique gamelas” pai e filho
(torreira; cabrita baixa; 2012)
inexplicável
não me perguntes
porque escrevo
não me perguntes
porque estou vivo
em tudo
muito pouco
é explicável
inexplicáveis os dias
onde sou
e tudo acontece
nem só a fé
é mistério
o tino a reparar a cabrita
(torreira; 2013)
deixa-os descobrir
deixa que pensem
a higiene mental diária
só lhes faz bem
ignoram porém
que tu também
as pedras no caminho
há sempre pedras no caminho
não são exclusivo de ninguém
deixa que pensem
que só as há no teu
entre a ignorância
e a sabedoria
a fronteira é ténue
deixa-os descobrir
(torreira; saco de berbigão de 20 kg; 2009)