que poemas te posso escrever amor neste tempo em que as árvores se despem e eu me visto com as folhas que lhes arrancaram
gralheira
memórias da gralheira (1)
memória_04062010
memória_27052010
memória de macieira
memória_03042011a
exíguas casas
exíguas casas
rudes paredes
sobre folhelho os corpos
cortante o frio
neles entranhado
e… partiram
memórias da gralheira
sob a pedra
rolou o grão
e se fez farinha
para ser pão
foram-se os homens
que não a pedra
virgens ficaram
os campos do grão
a um canto a pedra
já não canta
lamento surdo
preso ao chão
(s. pedro do sul;serra da gralheira; macieira)
mal dormidos
(aos mal dormidos, onde me incluo)
o corpo
essa coisa feita
de ossos
carne, pele
tecidos, líquidos
água
o corpo
onde repousa
(devia repousar)
esta outra coisa
chamada
pensar, sentir
o corpo
e essa outra coisa
por vezes dão-se
as mãos
e não nos deixam
dormir
o tempo parou
o tempo parou
no umbral da porta
só a luz passou
coada, finíssima
tudo cobre
com a patine do tempo
em que o tempo
parou
tempos houve
em que fogo
gente, sopa
mesa, vinho
pão, calor
tempos
parcos de haver
fartos de partir
foram-se
levando com eles
a memória
e o tornar
parou o tempo
no exacto momento
em que a porta
passaram
prometendo
a si mesmos
que um dia
quem sabe
outra casa
farta e nova
ali fariam
não voltaram
para onde foram
aí ficaram
e o tempo
o tempo parou
(macieira; serra da gralheira; s.pedro do sul)