o tempo parou


sem moldura

o tempo parou

no umbral da porta
só a luz passou
coada, finíssima
tudo cobre
com a patine do tempo
em que o tempo
parou

tempos houve
em que fogo
gente, sopa
mesa, vinho
pão, calor

tempos
parcos de haver
fartos de partir

foram-se
levando com eles
a memória
e o tornar

parou o tempo
no exacto momento
em que a porta
passaram
prometendo
a si mesmos
que um dia
quem sabe
outra casa
farta e nova
ali fariam

não voltaram
para onde foram
aí ficaram
e o tempo

o tempo parou

(macieira; serra da gralheira; s.pedro do sul)

3 thoughts on “o tempo parou

  1. Em casa da minha mãe havia uma caixa parecida com esta.
    Um dia a jogar às escondidas meti-me nela e desistiram de me procurar. Imagina a confusão. Adormeci e acharam que me tinha afogado na ria que era onde costumava estar quando desaparecia. Coitado do meu rabo que levou depois tantas palmadas. Não sei da caixa, mas acho que vai existir enquanto eu existir.
    🙂

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s