postais do arroz (21)


não escrevo
guardo

em branco
fica tudo
defraudo
o plagiador
obrigo-o
a plagiar
o meu silêncio

aí sim
ele é perfeito
quem não vê
a luz
são palavras
talvez um poema
hipótese remota

ganhei a batalha
daqui ninguém rouba nada
porque nada escrevi

o plagiador ganhou
a poesia talvez não tenha perdido
nada mas é assim hoje

(semear arroz; borda do campo; 2019)

postais do arroz (16)


ser ainda vertical
saber o valor da palavra
dada

ler nos olhos
não nos lábios

dizer não
com a convicção
que dizer sim
seria verdadeira
negação

resistir e sobreviver
sabendo que os valores
não têm cotação na bolsa
se bem que pela sua venda
muitos encheram o bolso

ser eu ainda
apesar de