chegam da rede
as mangas à praia
correm os pescadores
aos bordões
amparam a rede
para que se não abra
fuja o peixe
é preciso manter as mangas
no ar
arregaçadas as próprias
calejadas mãos
esforçados dorsos
esperam do saco
a benção
do carapau
esqueci os nomes
ficou o sentir
esqueci o sentir
tão só uma breve brisa
no inexistente cabelo
agita ainda esta coisa
que suporta o ser ainda
pensar
sonhar
não
não regresses
eu já não existo
sou apenas o que já fui
resisto