queria-te
queria-te inteiro dentro de palavra da tua palavra queria-te e falhaste-me onde o madeiro no naufrágio dos dias
(faz hoje três anos)
basta
há tanto para dizer e são tão poucas as palavras resumo-me ao fazer ao saber que se quisermos faremos e seremos digo basta e tu sabes que outra palavra por detrás digo basta e dói-me esta gente desiludida a votar no engano há tanto para dizer não basta escrever não outra vez não basta
sentou-se
gostava muito de se sentar e ficar assim a olhar o mar um livro poisado nos braços os olhos pendurados no horizonte como era imensa a janela incomensurável a casa
(nota: reparem na “ferramenta” de aço inox, utilizada para suportar a manga, a conduzir e impedir que roce na areia. na praia da torreira e na de mira, conhecia a técnica do cruzamento dos bordões/estacadões que se fazia para produzir este efeito. inovação meus caros, na xávega inova-se, é bom que se inove porque é sinal de que continua. será que algum dia, alguém ao ver isto vai dizer que já não é xávega? sei lá?)
escrevo
escrevo o tempo com imagens guardadas nos baús digitais da memória comprada a informação diz-me o quando eu sei onde ainda sei quando tudo foi ontem e ontem foi há tanto tempo sei deste caminho feito de achares e perderes sei que valeu a pena homens que conheci para desconhecer o tempo tudo limpa e lava mesmo o que mais fundo à superfície vem escrevo o tempo com imagens como todos os que arriscam palavras escrevo-me também e isso não é novo para ninguém