memória_14052011


mãos de pescador
KONICA MINOLTA DIGITAL CAMERA

torreira; 2006

há quem olhe para os carros, outros para a marca da roupa, outros para os rostos …. outros devoram com os olhos o que não comem
 
todos buscam o mesmo: conhecer
 
eu olho para as mãos e sei que aqui, aqui, encontro tudo.
 
as mãos do pescadores são rudes, gretadas, feridas, mas extremamente limpas.
 
são mãos que o mar lava e areia esfrega.
 
são mãos de trabalho, mãos de homens e mulheres que trazem nelas a história de uma vida, de um amor, de uma guerra, de uma faina,….
 
de uma gana de ganhar a vida no mar

mãos de mar (16)


para o menino bonito

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o meu povo trabalha duro
não tem tempo para brilhantinas
ordenados milionários
viagens em classe executiva

o meu povo
os copos que bebe
saem-lhe do corpo e sabem a sal

o meu povo
tem direito a ser respeitado
por todos
em especial pelos gravatinhas
que não o conhecem
nem falam a sua língua

o meu povo
respeita todos os povos
porque todos os povos
são o meu povo

o meu povo
tem a sabedoria dos dias de parca paga
que reparte com as mulheres
e os filhos

o meu povo
está cansado de meninos bonitos
com muita escola e poucos princípios

o meu povo
convida o menino bonito
para um dia de trabalho