para o palcaltar não me peçam palavras peçam-me pedras tenho os bolsos cheios
(cirandar; torreira; 2016)
torreira; cirandar; 2011
torreira; cirandar; junho, 2019
cirandar para a borda
mau feitio
os rilho, pai e filho, a mesma faina
chamam-lhe rio
e é salgada a água
chamo-lhe memória
e é cada vez mais isto
imagens penduradas
nos olhos onde amigos
nascentes de sentir
chamo-lhe mar e digo
há outras praias
onde a mesma gente
com outros nomes
a mesma arte
tens mau feitio dizem
sabes não é fácil
ser rio de água salgada
(torreira; cirandar; 2016)
ser ainda
todo o instante
é infinito
nada mais que
névoa
com gente dentro
escorre por entre
os dedos
este ter estado
ter sido
ser ainda
(torreira; cirandar; 2013)
talvez o amor
talvez o amor
talvez a ria
talvez a vida
talvez
talvez a ternura
talvez a casa
talvez a bateira
talvez
onde antes dois
agora um
talvez o amor
talvez não
de certeza
(torreira; cirandar; 2016)
é
é no tempo
que o homem
se desnuda
sê paciente
tiago capelo
(torreira; cirandar; 2016)
aos homens e mulheres da ria
cirandar e escolher
existem homens
que fazem barcos
como se filhos
existem homens
que os encomendam
fazem neles vida
existem mulheres
camaradas dos homens
na faina dos barcos
homens e mulheres
sempre
mulheres e homens
os barcos só
não existiriam
(torreira; cirandar; 2016)