maravilha esta música
nas janelas escrita pela chuva
quando a água cai do céu
fico assim parada no tempo
de sentir tudo
vontade de mãos para além do vidro
onde a terra as chama
desejo de sentir no corpo
a escrita da chuva
nas poças de água
os pés a correrem sem mim
mãe
quando chove
apetece-me abrir a porta
e ir dançar ao som desta música
de água que o céu deixa cair
posso?
agostinho trabalhito (canhoto); torreira; 2 de setembro de 2016
como já escrevi na primeira publicação desta série, a minha era digital na xávega começou em 2005 e, na torreira, por motivos vários, terminou no dia 2 de setembro de 2016 – doze anos a registar fotográficamente, e não só, a xávega na torreira
a foto que publico hoje é a “última foto que fiz no mar da torreira”.
como não acredito em coincidências, entendo que o facto de nela aparecer o meu grande amigo agostinho trabalhito “canhoto” não é acaso, tinha de ser.
lembro uma história breve da nossa amizade e que diz tudo.
“um dia, disse-lhe que quando morresse as minhas cinzas iriam ser deitadas ao mar. ao ouvir isto o agostinho, com a maneira de falar que o caracteriza, exclamou:
em 2005 continuava a trabalhar na praia da torreira a companha dos murtas, com o barco olá sam paio.
dos irmãos zé e antónio murta. o antónio era mais o homem de mar e o zé o de terra. creio que é em 2005 que falece o antónio em naufrágio à beira praia.
era, e é, opinião minha, uma companha familiar – da propriedade à própria composição da companha.
para além dos arrais e donos, não posso deixar de me lembrar da marlene, filha do zé, que era a responsável pela “contabilidade” da companha, e do redeiro, ti caetano da mata.