memória_14042011


à memória do ti manel trabalhito

(fica sempre uma marca do pescador
nas águas onde pescou
este brilho
é o teu manel
é o de todos
os que já não)
hoje só me saem 
das mãos
seixos rolados

apanhei-os no mar
e quero lançá-los 
à ria

ali
onde a tua bateira
manel

ficar assim
a olhar os círculos
onde o teu rosto

boa noite manel

a memória dos dias 18012012


posso?

maravilha esta música
nas janelas escrita pela chuva

quando a água cai do céu
fico assim parada no tempo
de sentir tudo

vontade de mãos para além do vidro
onde a terra as chama

desejo de sentir no corpo
a escrita da chuva

nas poças de água
os pés a correrem sem mim

mãe
quando chove
apetece-me abrir a porta
e ir dançar ao som desta música
de água que o céu deixa cair

posso?

esboço do agostinho


a fotografia o esboço.

0 ahcravo_DSC_4069

torreira; agostinho canhoto; 2013

 
o tempo escrito no grito
 
os amigos estão para além
da imagem que deles fizemos
 
são muito mais que uma foto
nela apenas o que deles vemos
sentimos julgamos saber
 
o agostinho é o pescador
é todos os que têm casa no mar
que a terra é perigosa
 
o agostinho é o agostinho
a foto é apenas um pouco dele
ou melhor é ele dentro de mim
 
nada mais que um esboço
depois da obra