(rer; quinta da salina do morro; morraceira; 2019)
a beleza do sal
a beleza do sal (144)
a beleza do sal (133)
O salgado da figueira em galeria no Museu EXEA
da apresentação da exposição:
“Mais uma exposição de ahcravo gorim (António José Cravo).
Nesta será apresentada, através de fotografias e versos, a recolha do sal na Figueira da Foz / Portugal pelos marronteiros.
Nas palavras de Gilda Saraiva, que assina o texto introdutório: “Os marronteiros são os guardiões destas paisagens de sal da Figueira da Foz.”
a beleza do sal (132)
a beleza do sal (131)
dizer
(mexer; morraceira; salinas do corredor do sol; 2019)
dizer o teu nome o nome de todas as coisas as coisas que cada nome encerra dizer tantas vezes a mesma palavra até que ela perca o sentido a sua ligação com o representado dizer como é doloroso o parto das palavras que ainda não disse ou se disse como as escrevi dizer tanto em tão pouco ser imenso e ínfimo límpido e complexo dizer
a beleza do sal (130)
sal na figueira em 28 de maio de 2022
normalmente na figueira da foz começa-se a tirar sal em julho ou agosto, este ano a 13 de maio, na salina do vale da vinha, nos armazéns de lavos, já se tirava sal.
no dia 28 de maio fiz este registo e a 29 seria carregado o primeiro sal.
o marronteiro antónio julião, que explora a salina, disse que nunca na sua vida tal tinha acontecido e por isso me telefonou para fazer o registo.
(o filme)
a beleza do sal (129)
no sal a memória do sol e do mar

estalam-me na cabeça os tufões medonhos do atlântico sul rebentam-me nos olhos as calemas de março o simoun enche-me a boca de areia e raiva lambem-me o sexo as chamas que no verão devoram pinhais e searas tremem-me as mãos sinto nos dedos os abalos de agadir mergulham ante meus olhos horrorizados todos os passageiros do titanic o amazonas corre-me nas veias ribombam-me no coração as cataratas do niagara os ouvidos rebentam-me com a pressão dos grandes rios a entrarem no mar o corpo arde na fogueira possesso de um demónio inventado pela inquisição todo eu tremo ante tanto desvario e tudo se conjuga no rodopiar do carrossel louco desta cabeça que não sei se é minha mas que pesa como se fosse o mundo