(enfeitar; ilha da morraceira; 2016)
enfeitar
a beleza do sal (119)
a beleza do sal (84)
assento

(ilha da morraceira; enfeitar; 2019)
sento-me
levanto-me
caminho
continuo sentado
quando é que eu
assento
a beleza do sal (83)
amanhecerá

ilha da morraceira; enfeitar; 2019
será manhã quando for
não antecipes o amanhecer
chegaremos caminhantes e serenos
com o sol nas mãos
e amanhecerá
a beleza do sal (74)
se

morraceira; enfeitar; 2019
se virem que estou a morrer
não tragam um padre
para me dar a extrema unção
prefiro uma mulher bonita
e um poema de eugénio de andrade.
a morrer que seja em grande
a beleza do sal (71)
homens de palavra

morraceira; achegar; enfeitar; 2019
serem de pedra
as palavras
salgadas cristalinas
de homens
homens de palavra
esculpi no tempo
a tua voz o teu nome
fizeste-me fiz-me
no tempo em que
continuo de pedra ainda
a vida por vezes
é que tem sal a mais
a beleza do sal (62)
não

ilha da morraceira; enfeitar; 2019
não
não gosto do homem velho
é pesada a herança que deixa
refinamento do cinismo
violência encapotada
ódio dissimulado
assassino e suicida
não
não gosto do homem velho
por muito mau que seja o novo
não pode ser pior
não
não sou pessimista ainda sonho
por isso estou aqui
e digo não
a beleza do sal (44)
por vezes dói
habito
o meu tempo
e sou
por vezes dói
recuso-me
a não ser
recuso-me
por vezes dói
eu sou eu
mesmo se
por vezes dói
(armazéns de lavos; enfeitar; 2017)
a beleza do sal (32)
a austeridade na terceira idade
é preciso salvar o país
ouviu
fez as contas à vida
e perguntou-se
quem me salva a mim
mas era tarde para fugir
(morraceira; enfeitar; 2016)