
de tanto partir sou o que chega sempre
(torreira; 2011)
vejo-me ainda no olhar o outro nas palavras nos silêncios descubro-me e descubro escuto-me ouvindo eu sou já o cresci em mim ao sê-lo também nos que me rodeiam sou com o prazer de me ser não sei de solidão somos muitos em mim seremos ainda quando um não for assim a memória de um tempo para além de
(torreira)
recuso outro tempo que não o meu sou o agora e o aqui na inquietação de querer melhor sou a pedra no vidro o prego no sapato não mudo de passeio mudam não ponho máscaras sou-me irritantemente por vezes sei e nunca é demais não procuro encontro reencontro vomito quisera ser o grito
no lento saborear deste estar aqui longe e perto de ser só ser só trazer na língua o sal roubado algures ter tudo sem nada querer possuir e ser feliz por ser assim olhar tudo e tudo ser na alegria plena de estar vivo e ver as cores bailam-me diante dos olhos são rios que nascem sem ânsias de foz sorrio por entre as nuvens dos dias inúteis no lento saborear deste aqui estar
(torreira; 2011)