não
não não há poesia nestes dias sim seremos maiores que nós para sermos não não há poesia nestes dias sim é duro o caminho enormes as pedras não há poesia nestes dias espero-a fazendo-a escrevendo não há poesia nestes dias
basta
há tanto para dizer e são tão poucas as palavras resumo-me ao fazer ao saber que se quisermos faremos e seremos digo basta e tu sabes que outra palavra por detrás digo basta e dói-me esta gente desiludida a votar no engano há tanto para dizer não basta escrever não outra vez não basta
posso?
maravilha esta música nas janelas escrita pela chuva quando a água cai do céu fico assim parada no tempo de sentir tudo vontade de mãos para além do vidro onde a terra as chama desejo de sentir no corpo a escrita da chuva nas poças de água os pés a correrem sem mim mãe quando chove apetece-me abrir a porta e ir dançar ao som desta música de água que o céu deixa cair posso?
inocentes
pedem-me que cale que não ligue denunciar é dar palco dizem e quedam-se no seu saber calado há a poesia a música o cinema o futebol há a cultura costas largas há o que não nos divide porque não é relevante há o silêncio que consente peço-lhes que falem que digam o que pensam se existem além do pensar calados críticos de tudo aí estarão no fim do caminho limpos sorridentes e isentos acabados de nascer e ainda por lavar
é dia ainda
é dia ainda e já se ouve o uivar do lobo a memória acende nos lábios as palavras guardadas quase esquecidas necessárias é dia ainda e já se sente o fedor da besta junta-se na praça a alcateia vindos de longe respondem ao chamado sedentos de carniça é dia ainda e já sabemos que o uivo o fedor mau prenúncio são ao engano quantos irão