amar-te em silêncio
sem tempo de relógio
(mexer; armazéns de lavos; 2017)
amar-te em silêncio
sem tempo de relógio
(mexer; armazéns de lavos; 2017)
ligaram-me
da empresa de telecomunicações
há água na linha
não te telefono mais
(achegar; armazéns de lavos; 2017)
lê como se comesses saboreia cada palavra v a g a r o s a m e n t e
(rer; morraceira; 2016)
mesmo que não ande todos os dias caminho por dentro de mim
(mexer; morraceira; 2016)
sou do meu tempo recuso outro que não este é nele que tento ser
(rer para cima da silha; morrraceira; 2019)
no sal a memória do sol e do mar
estalam-me na cabeça os tufões medonhos do atlântico sul rebentam-me nos olhos as calemas de março o simoun enche-me a boca de areia e raiva lambem-me o sexo as chamas que no verão devoram pinhais e searas tremem-me as mãos sinto nos dedos os abalos de agadir mergulham ante meus olhos horrorizados todos os passageiros do titanic o amazonas corre-me nas veias ribombam-me no coração as cataratas do niagara os ouvidos rebentam-me com a pressão dos grandes rios a entrarem no mar o corpo arde na fogueira possesso de um demónio inventado pela inquisição todo eu tremo ante tanto desvario e tudo se conjuga no rodopiar do carrossel louco desta cabeça que não sei se é minha mas que pesa como se fosse o mundo
escrevo o silêncio solitário labor sol mar início cristalizado o sal
(figueira da foz; ilha da morraceira; mexer; 2020)
tempo meu
a casa embrulha agora os dias onde eu chove em junho como se outubro já tempo meu quase nada
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 17
poema de trampa
conta reconta e torna a contar com tanta conta hei-de ganhar (querias ...)
arrumar o sal no armazém