a memória dos dias
11 de setembro
(repetido enquanto puder)
a 11 de setembro de 1973 pinochet derrubou o governo democrático de salvador allende, no chile. o terror e as atrocidades que se seguiram ao golpe, multiplicaram-se durante anos e traduziram-se em incontáveis milhares de mortos.
hoje ninguém fala do chile e do golpe comandado pelos americanos, mas os meios de comunicação lembram-nos os mortos do 11 de setembro de 2001 em nova iorque, provocado pelo embate de aviões controlados por terroristas.
será que os muitos milhares de vitimas do regime de pinochet nada valem face aos três milhares de americanos?
entre a memória e o esquecimento se reconstrói a história.
para mim todos são seres humanos, todos foram vítimas de terroristas, por isso hoje, 11 de setembro é dia de lembrar todas as vítimas , TODAS
em nome da liberdade e contra o terrorismo, venha de onde vier, ergamos o nosso grito
(eu,coimbra; café académico; anos 80; fotografia de um norueguês)
foto de etelvina almeida – o próprio, no exercício do hobby; cais do guedes; torreira; 2012
Nasci a 4 de Dezembro de 1951, em Setúbal, descendente de murtoseiros e ílhavos. Baptizaram-me com o nome de António José Cravo, que mantenho. À beira de me reformar – poucos meses, espero – sou um homem sempre em busca. No meu cartão de visita pode ler-se: mestre de artes e ofícios/construtor de memória, diz tudo, e tudo o que diz é pouco para o muito que fiz e tenho para fazer.
Como surgiu a paixão pela fotografia?
Da forma mas natural, com uma máquina. Em Angola, quando fiquei sozinho o meu pai deixou-me a sua voïglander, depois foi começar a tirar fotos. Daí à revelação e às horas passadas na câmara escura da associação de estudantes, com uma sandes para ir comendo, foi um passo.
Faz da fotografia uma profissão ou um hobby?
A fotografia é um hobby e uma forma de proactiva de interagir com as pessoas e o meio, ou, como escreveu Mário Lúcio Sousa: “estou a morrer não estou?, então, cumpra-se a minha última vontade, quero um fotógrafo, pois o médico adia a morte e o fotógrafo perpetua a vida”. Para mim é isso a fotografia
Defino-me como mestre de artes e ofícios/construtor de memória
Possui formação especifica ou é considera-se um auto-didacta?
Auto-didacta do mais básico
Que equipamentos e softwares usa?
Uma Nikon d80 e uma Sony s200. O software é o paintshop pro X portable
Qual é o seu equipamento de sonho/eleição?
Não tenho. Compro sempre equipamento em fim de vida e a bom preço, por isso mesmo. O que importa é estar lá quando as coisas acontecem, ter as objectivas adequadas e saber registá-las.
Analógico ou Digital?
Agora digital, a definição depende da próxima máquina, quando necessidade e disponibilidade houver. Mantenho-me fiel à Sony porque tenho muitas objectivas herdadas da minolta 7xi
Qual a sua preferência quanto aos estilos de fotografia?
Não tenho, embora seja um ferrenho do fotojornalismo, quando se trata de xávega e da ria de Aveiro, aí estou eu.
Quando fotografa tem um propósito em mente ou deixa-se levar pelas oportunidades que surgem?
Ambas, mas vou muitas vezes atrás do que me interessa, neste momento está-me a dar gozo fotografar skim board. Mas dentro em breve começa a xávega e a ria de Aveiro (pesca, regatas, histórias).
Que acontecimento recente mais o levou a desejar lá ter estado como fotografo e porquê?
A xávega e as regatas de bateiras e moliceiros da ria de Aveiro sempre, são o “Acontecimento” e eu estou lá sempre que posso.
Dos trabalhos fotográficos realizados, qual foi para si o mais marcante e com qual mais se identifica?
Todos os que dizem respeito à xávega, nomeadamente a contribuição para o enriquecimento do site da Junta de Freguesia da Torreira, na homenagem aos pescadores e a elaboração de cerca de 100 fotopoemas sobre os pescadores da xávega da Torreira, de que foram impressos alguns exemplares e entregues à escola local, à Junta e ao Turismo.
Que projectos na área da fotografia tem para o futuro?
Xávega, muita, e continuar o levantamento documental das artes de pesca da ria de Aveiro
Quais as perspectivas actuais e futuras, que tem, da fotografia em Portugal?
Não tenho. As coisas acontecem independentemente de nós: acontecem. Sou um marginal activo.
Quais são os teus fotógrafos de referência?
Eugénio de Andrade e António Lobo Antunes
Qual a sua opinião acerca do nosso site e na sua óptica que melhorias poderiam ser feitas?
Gosto das alterações feitas, embora continue a pensar que o lettering lateral tem pouca visibilidade.
(nota: na entrevista aparece “hacravo”, quando de facto deveria aparecer “ahcravo”, por isso corrigi mas, continua a haver cravo (hacravo), pelo menos até ver 😉
(princípio anos 80; café piolho; coimbra) – foto de um amigo norueguês
quarenta anos quantos
quilómetros são
os nomes somam-se
e desaparecem como os amores
os poemas os livros as paixões
as febres de todas as noites
menos às segundas
o porquê sabe quem lá andou
os cafés os cinemas o teatro
a música e um amigo
ao ouvir as palmas no fim do concerto
a perguntar
a quem bate esta gente palmas
ao autor ou ao intérprete
quarenta anos
quantos quilómetros são
manel ari pedro bustorff elisa nicolau
mila saldanha vasquinho virgilio luís miranda
ml e o boi negro do júlio fortemente
aurelino paulo archer bandeirinha
os galifões pinto vitor gordo calado
todos os que não lembro
e os que são para esquecer
o dr joaquim namorado
o professor doutor orlando de carvalho
porque não se a voz ainda a oiço
o soveral a centelha
a rua das matemáticas
o 40 a fenda os folhetos os livrinhos
as sessões ao vivo e ao que viesse
tropical piolho moçambique pigalle
praça da república sempre
etc barmácia pinto douro
faculdade de ciências de letras
de dia de noite a qualquer hora
as letras meu deus e as ciências
que não eram exactas mas eram
coimbra até às tantas
tantas que nem sei quantas
quarenta anos
quantos quilómetros foram
digam-me minhas santas
(escrito às 02h de 16/03/2021, na figueira da foz)