não desenho palavras
nem sei de outra música
que a das imagens
roubadas à vida
a máquina fotográfica
não gosto de câmera
os meus dedos
incapazes de desenho
nada de novo
trago aos dias
apenas isto
este estar aqui agora
a inventar
frágeis e instáveis os dias
pandémicos
silenciosos fazemos de mortos
para não morrer
a boca seca de outros lábios
os olhos sobram da máscara
só os olhos e o medo