Entrevista com António Cravo (ahcravo)
Nasci a 4 de Dezembro de 1951, em Setúbal, descendente de murtoseiros e ílhavos. Baptizaram-me com o nome de António José Cravo, que mantenho. À beira de me reformar – poucos meses, espero – sou um homem sempre em busca. No meu cartão de visita pode ler-se: mestre de artes e ofícios/construtor de memória, diz tudo, e tudo o que diz é pouco para o muito que fiz e tenho para fazer.
Como surgiu a paixão pela fotografia?
Da forma mas natural, com uma máquina. Em Angola, quando fiquei sozinho o meu pai deixou-me a sua voïglander, depois foi começar a tirar fotos. Daí à revelação e às horas passadas na câmara escura da associação de estudantes, com uma sandes para ir comendo, foi um passo.
Faz da fotografia uma profissão ou um hobby?
A fotografia é um hobby e uma forma de proactiva de interagir com as pessoas e o meio, ou, como escreveu Mário Lúcio Sousa: “estou a morrer não estou?, então, cumpra-se a minha última vontade, quero um fotógrafo, pois o médico adia a morte e o fotógrafo perpetua a vida”. Para mim é isso a fotografia
Defino-me como mestre de artes e ofícios/construtor de memória
Possui formação especifica ou é considera-se um auto-didacta?
Auto-didacta do mais básico
Que equipamentos e softwares usa?
Uma Nikon d80 e uma Sony s200. O software é o paintshop pro X portable
Qual é o seu equipamento de sonho/eleição?
Não tenho. Compro sempre equipamento em fim de vida e a bom preço, por isso mesmo. O que importa é estar lá quando as coisas acontecem, ter as objectivas adequadas e saber registá-las.
Analógico ou Digital?
Agora digital, a definição depende da próxima máquina, quando necessidade e disponibilidade houver. Mantenho-me fiel à Sony porque tenho muitas objectivas herdadas da minolta 7xi
Qual a sua preferência quanto aos estilos de fotografia?
Não tenho, embora seja um ferrenho do fotojornalismo, quando se trata de xávega e da ria de Aveiro, aí estou eu.
Quando fotografa tem um propósito em mente ou deixa-se levar pelas oportunidades que surgem?
Ambas, mas vou muitas vezes atrás do que me interessa, neste momento está-me a dar gozo fotografar skim board. Mas dentro em breve começa a xávega e a ria de Aveiro (pesca, regatas, histórias).
Que acontecimento recente mais o levou a desejar lá ter estado como fotografo e porquê?
A xávega e as regatas de bateiras e moliceiros da ria de Aveiro sempre, são o “Acontecimento” e eu estou lá sempre que posso.
Dos trabalhos fotográficos realizados, qual foi para si o mais marcante e com qual mais se identifica?
Todos os que dizem respeito à xávega, nomeadamente a contribuição para o enriquecimento do site da Junta de Freguesia da Torreira, na homenagem aos pescadores e a elaboração de cerca de 100 fotopoemas sobre os pescadores da xávega da Torreira, de que foram impressos alguns exemplares e entregues à escola local, à Junta e ao Turismo.
Que projectos na área da fotografia tem para o futuro?
Xávega, muita, e continuar o levantamento documental das artes de pesca da ria de Aveiro
Quais as perspectivas actuais e futuras, que tem, da fotografia em Portugal?
Não tenho. As coisas acontecem independentemente de nós: acontecem. Sou um marginal activo.
Quais são os teus fotógrafos de referência?
Eugénio de Andrade e António Lobo Antunes
Qual a sua opinião acerca do nosso site e na sua óptica que melhorias poderiam ser feitas?
Gosto das alterações feitas, embora continue a pensar que o lettering lateral tem pouca visibilidade.
Deixe o link do seu site ou blog.
https://ahcravo.wordpress.com/
(nota: na entrevista aparece “hacravo”, quando de facto deveria aparecer “ahcravo”, por isso corrigi mas, continua a haver cravo (hacravo), pelo menos até ver 😉