
praia da rocha; 2017
praia da rocha; 2017
torreira; reparar redes; 2019
talvez o amor
talvez o amor
talvez a ria
talvez a vida
talvez
talvez a ternura
talvez a casa
talvez a bateira
talvez
onde antes dois
agora um
talvez o amor
talvez não
de certeza
(torreira; cirandar; 2016)
começa cedo o amor
pelos moliceiros
mais cedo que outros
amanhã dia 30 de junho
pelas 14h30m
a grande regata da ria
parte da torreira
e vai até aveiro
o amor pelos moliceiros
não se explica
como todos os amores
(torreira; 29 de junho; 2018)
o amor
eis a mão habitada
casa do homem
aberta porta
eis a mão do homem
onde o mundo
línguas várias
eis o homem na mão
inteiro de ser nela
sem máscara
eis o homem-mão
irmão de todos
eis nos olhos
o amor
(lousã; 30_05_2018; 85 anos, tio joão)
no dia 13 de maio de 2018 o moliceiro “FERREIRA NUNES” beijou pela primeira vez a ria, a este primeiro beijo chamamos nós “bota-abaixo”.
filho e neto de moliceiros, antónio ferreira nunes não andou ao moliço, mas para estes homens o moliceiro é um barco que lhes corre nas veias em direcção à ria.
porque era um sonho, porque queria deixar a memória de um tempo, sem apoios financeiros institucionais, investiu do seu bolso.
num terreno baldio, ao lado da casa onde mora, construiu um moliceiro. com a ajuda do mestre zé rito, usando os paus de pontos e os moldes do mestre henrique lavoura.
o essencial ficou dito na entrevista breve, mas há uma coisa que não podemos esquecer: não há razão que explique este amor dos murtoseiros, dos homens e mulheres desta terra, pelos moliceiros.
será que quem manda não ouve, não sente?
admiro-os porque não posso fazer mais.
tenho orgulho na amizade que alguns têm por mim. tenho pena que sejam tão poucos, mas estou feliz por ver que, para além dos que foram moliceiros e por isso querem ter um a navegar, há uma nova geração que nunca andou ao moliço mas que
TEM MOLICEIROS NO SANGUE E OS QUER FAZER NAVEGAR
BEM HAJAM
(o testemunho do dia do bota-abaixo, num apontamento de vídeo, aqui fica)
tá-se bem
no moliceiro “Dos netos” com o meu amigo ti abílio
(que as minhas para contigo
só à vista terão fim)
há muitos anos
talvez não tantos
que o tempo engana
era assim que
terminavam
as cartas de amor
há muitos anos
no tempo dos meus pais
havia cartas e moradas
postais e telegramas
agora
sms’s e-mail’s
e amor
tipo
tá-se bem
no moliceiro “Dos netos” com o meu amigo ti abílio
(torreira; regata do s. paio; 2016)
caminhos de sal
falas de amor
1.
amigo, tenho 75 anos, a minha mulher faleceu há quase um ano. se quisesse já tinha mulher em casa. não sou maricas. fomos casados 53 anos e não consigo ver outra a tocar nas coisas dela.
2.
vinte anos é muito. agora é que estou bem: paz, amor
(registo: morraceira; setembro; 2016)
o homem e o Homem
nunca saberás a força
que os move
o amor nesta mãos
floresce vela
a ciência que ambiciona
tudo querer explicar
queda-se muda
perante estes homens
do amor que os cega
se valem os que nada mais vêem
que dinheiro fácil
de muito poucos
se refazem muitos e remoçam
a regata da ria 2016
começou
quisera eu algo mais
o homem é o maior
inimigo do Homem
(torreira; 27 junho de 2016)