dia de portugal 2019

dia de portugal 2019


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9 de junho, mais um dia na minha vida em que tudo se cumpria de acordo com o habitual: abrir os olhos, ver o dia pela fresta deixada no estore, ligar-me ao mundo – ou seja activar o wifi do smart – ir à cozinha ao pequeno almoço e ver as novidades na net.
havia uma mensagem no messenger, um vídeo e uma pergunta por debaixo: “Dia de Portugal, concorda?”.
o remetente era João A Nascimento, não era meu amigo no face, mas nada é impossível, fui ver o perfil e espantei-me: natural de castelejo, castelo branco, a viver em east freehol, estados unidos.
abri o vídeo e não me contive, estava ali muito de mim, um grande amigo e o nosso mar.
depois de algum diálogo escrito e falado, esclarecidas algumas questões, fixámos o título do filme e fizemo-nos amigos no face.
9 de junho de 2019, não o vou esquecer, há dias em que merece a pena estar vivo e em que mereceu a pena ter vivido e feito o que fizemos.
o joão fez-me sentir que não foi em vão que fui registando momentos da vida da torreira, ter amigos e ter estado vivo a fazer aquilo de que sempre gostei.
o joão, de castelo branco, nos estados unidos, fez-me sentir que valeu a pena, que vale a pena.
o joão fez-me sentir que ser do mundo é ser daqui e levar este aqui ao mundo
BEM HAJAS JOÃO NASCIMENTO
o vídeo está aqui

maria joão fialho gouveia na sam 2019

maria joão fialho gouveia na sam 2019


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rosabela afonso e maria joão fialho gouveia

em conversa com rosabela afonso, maria joão falou da sua vida e da sua obra.
programada estava a apresentação de “Os Távoras”, o seu último livro, mas mais do que do livro foi de si que maria joão falou.
ficámos a conhecer um pouco mais da pessoa que está por detrás dos livros. dai o interesse deste registo.
biografia
Maria João Fialho Gouveia nasceu em 1961, em Lisboa.
 
Cresceu e estudou no Estoril, tendo depois cursado Comunicação Social na Universidade Nova de Lisboa. É ainda diplomada em Inglês pela Universidade de Cambridge.
 
Começou a sua carreira de jornalista aos 18 anos, conciliando-a depois com o ensino. Escreveu para o Blitz durante 16 anos, foi colaboradora do Se7e e do diário A Capital, integrou a equipa da Antena 1, trabalhou 6 anos em publicidade e foi redatora da revista VIP. Neta de professora, cedo descobriu o gosto pela leitura e pela escrita. Amante da cultura e da arte, tem agora em curso uma licenciatura em História, que faz por mero prazer. E é com igual amor que se aventura agora na escrita.”
da conversa fica o registo

“Portugal primeiro” (Notícias de Aveiro_24/02/2018)


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“Portugal primeiro” pode servir para um campeonato, um festival, uma guerra, mas é com certeza o país onde gostei de nascer e espero morrer. 

ahcravo gorim *

Vejo um jovem másculo, dinâmico, barbeado, praticante de culturismo, num concurso mundial de beleza masculina.

Das bancadas uma jovem, digna de capa de revista, grita: “Portugal primeiro”.

O jovem responde pelo nome, olha na direcção de onde veio a voz, enche o peito de ar, exibe os bícepes e os peitorais esplendorosos.

O júri, perante as amostras a concurso, mostrava-se indeciso na atribuição da classificação final. Porém aquele grito despertou-o da dúvida e a decisão foi tomada a quente.

Num placard erguido por sobre as cabeças ilustres dos membros do júri pôde ler-se de imediato: “Portugal primeiro”.

Depois acordo e estou a assistir pela televisão ao congresso de um partido, onde o candidato a líder afirma “Portugal primeiro”. Esfrego os olhos, não sei se ainda sonho. Utilizo o comando para voltar a rever e ouvir. Confirmado.

Ora Portugal é um País, ponto final, parágrafo.

Para uns é identificado pela Língua, Cultura, População, Geografia, Hino, Bandeira, selecções várias e por aí fora. Mas quantas Culturas há dentro da Cultura? E que dizer da População? Até na Geografia há tanta diversidade!

Para outros é um conjunto de indicadores que a deusa da estatística fornece e que podem ser manipulados consoante os fins pretendidos, há deusas assim. Números, números e mais números, frios, calculados e calculistas. Os escravos dos números só se libertarão com letras.

Siga o congresso!

“Portugal primeiro” pode servir para um campeonato, um festival, uma guerra, mas é com certeza o país onde gostei de nascer e espero morrer.

“Portugal primeiro” não é um projecto político, sequer um projecto para um projecto de uma proposta de uma política, é um vazio cheio de muita coisa e de nada.

Se a “demagogia é o principal inimigo da democracia” falar de tudo sem nada dizer e fazer disso uma bandeira o que será? “Portugal primeiro” o que é?

Estaria perfeitamente de acordo com a frase se me dissessem: somos contra os offshores, contra as mudanças de sedes de empresas para outros países, por exemplo. Gostava de ouvir isso claro e explícito. Mas será que é isso que se pretende?

“Portugal primeiro” não deverá ser encarado como o “America first” de Trump, mas que o pode fazer lembrar, isso pode e é perigoso. Até porque Rio não é Trump, embora muitos portugueses ainda sonhem com a América.

* Aposentado da função pública, mestre de artes e ofícios.

o link para a crónica

http://www.noticiasdeaveiro.pt/pt/47232/portugal-primeiro/

 

postais da ria (230)


escrevo-me aqui

a certidão de nascimento
diz onde nasci nada mais

tenho um endereço
uma rua um número de porta
um andar um espaço
onde correio recebo e durmo

escrevo minha gente
e encontro-a em qualquer geografia
se de injustiça vítimas forem

a minha terra é uma aldeia
onde de centenárias raízes
bebo a água dos dias por haver

escrevo-me aqui

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(torreira; s. paio; 2017)