aqui portugal, voltámos


acabei de receber dos estados unidos, mais precisamente de um alfarrabista da pensilvânia, os dois primeiros volumes dos “Estudos Etnográficos de D. José de Castro” – “Pescadores” e “Moliceiros”.
 
o interessante no meio desta aventura é que tive de pagar taxas de alfândega e de desalfandegamento de um bem que é nosso e fiz retornar ao nosso país.
 
o valor não é relevante face ao da aquisição, mas o facto é.
 
a factura com o descritivo vinha no exterior, será que não bastava para não haver cobrança?
 
talvez num país que se preocupasse mais com o património até me premiassem por ter conseguido repor património que estava no estrangeiro, mas para isso era preciso outro país com outra cultura.
 
assim vamos por cá
 
eu? eu feliz que nem um passarinho na primavera
000 estudos etnog
 
(imagem da net, site do alfarrabista)

construção de um moliceiro – 31 de agosto


era uma vez “Um sonho”

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foram muitos os que hoje vieram assistir ao bota-abaixo do moliceiro “Um sonho”, fotógrafos, amantes do moliceiro, a televisão, autoridades locais, curiosos, gente da terra e de fora…

o barco passou nas provas e regressou de uma breve viagem na ria, em que o mestre zé rito mostrou o que valiam: ele e o barco que acabara de fazer.

queria lembrar aqui que, em 2015 e 2016, 3 novos moliceiros tradicionais foram construídos:

2015

– o “Marco Silva”, feito pelo arrais/mestre marco silva, com o apoio do mestre firmino tavares, filho do mestre agostinho tavares de pardelhó.

2016

– o “Bulhas” feito pelo mestre antónio esteves, da escola do mestre henrique lavoura, também de pardelhó

– o “Um sonho”, feito pelo mestre zé rito, da escola da família raimundo, da murtosa.

são dois anos de luxo para a ria de aveiro. há muito que se não assistia a esta intensidade de construção de moliceiros.

convém lembrar que todos os custos com a construção, pinturas, palamenta e licenças, foram suportadas pelos proprietários, sem quaisquer apoios oficiais.

mais que um barco, o moliceiro, repito-o e repeti-lo-ei tantas vezes quantas as necessárias, é a mais forte expressão da cultura de um povo e um barco único no mundo – o mais belo de todos.

desculpem então se pergunto, e perguntarei tantas vezes quantas as necessárias, porque não é apoiada financeiramente a sua construção?

ao menos para compensar o tempo de antena na televisão.

mas, eu sou dos tais fotógrafos que só aparecem por aqui em certas alturas, nas férias, não têm nada a ver com a terra e só fazem perguntas estúpidas.

“tende-vos calmos que estou de partida.”

viver é ter coisas para fazer e eu tenho muitas para fazer ainda.

parabéns zé rito, boa sorte zé rebelo, obrigado amigos com quem reparti estas últimas semanas e me fizeram sentir mais um entre vós.

estou vivo e recomendo-me.

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(torreira; 31 de agosto de 2016)

(nota: as crónicas que têm acompanhado este diário, são da minha autoria e assumo por elas a inteira responsabilidade, independentemente de quem está nas fotografias ou é nelas identificado. as minhas opiniões são minhas e de mais ninguém)

antónio feio (tóni) continua vivo, any way


bora lá tóni

uma gargalhada
os olhos rasos de tanto
(you know what i mean?)

um estar na vida como
no palco
um homem de todos os homens
uma gargalhada até à última
(any way)

partir partilhando
vertical
não consigo tony

agora quando te revir
serão as lágrimas por ti
pelo que estás a fazer
e eu ficarei sem saber

onde quer que estejas
onde quer que mores
há um colete de vaca pendurado
à espera que o vistas
umas bejecas, entre tremoços
e um cigarrito

http://www.youtube.com/watch?v=wnJRRibuExs

http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1630217&seccao=Teatro

http://www.youtube.com/watch?v=mvBlyt0CHOU

Fotografo Premiado sente-se insultado pelo estado e rejeita aceitação


paulo nozolino

PAULO NOZOLINO DEVOLVE PRÉMIO AICA/MCCOMUNICADO
Recuso na sua totalidade o Prémio AICA/MC 2009 em repúdio pelo comportamento obsceno e de má fé que caracteriza a actuação do Estado português na efectiva atribuição do valor monetário do mesmo. O Estado, representado na figura do Ministério da Cultura (DGARTES), em vez de premiar um artista reconhecido por um júri idóneo pune-o! Ao abrigo de “um parecer” obscuro do Ministério das Finanças, todos os prémios de teor literário, artístico e científico não sujeitos a concurso são taxados em 10% em sede de IRS, ao contrário do que acontece com todos os prémios do mesmo cariz abertos a candidaturas.
A saber: Quem concorre para ganhar um prémio está isento de impostos pelo Código de IRS. Quem, sem pedir, é premiado tem que dividir o seu valor com o Estado!
Na cerimónia de atribuição do Prémio foi-me entregue um envelope não com o esperado cheque de dez mil euros, como anunciado publicamente, mas sim com uma promessa de transferência bancária dessa mesma soma, assinada por Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes. No dia seguinte, depois do espectáculo, das luzes e do social, recebo um e-mail exigindo-me que fornecesse, para que essa transferência fosse efectuada, certidões actualizadas da minha situação contributiva e tributária, bem como o preenchimento de uma nota de honorários, onde me aplicam a mencionada taxa de 10%, cuja existência é justificada pelo Director Geral das Artes como decorrendo de um pedido efectuado por aquela entidade à Direcção-Geral dos Impostos para emitir “um parecer no sentido de que, regra geral, o valor destes prémios fosse sujeito a IRS”.
Tomo o pedido de apresentação das certidões como uma acusação da parte do Estado de que não tenho a minha situação fiscal em dia e considero esse pedido uma atitude de má fé. A nota de honorários implica que prestei serviços à DGARTES. Não é verdade. Nunca poderia assinar tal documento.
Se tivesse sido informado do presente envenenado em que tudo isto consiste não teria aceite passar por esta charada.
Nunca, em todos os prémios que recebi, privados ou públicos, no país ou no estrangeiro, senti esta desconfiança e mesquinhez. É a primeira vez que sinto a burocracia e a avidez da parte de quem pretende premiar Arte. Não vou permitir ser aproveitado por um Ministério da Cultura ao qual nunca pedi nada. Recuso a penhora do meu nome e obra com estas perversas condições. Devolvo o diploma à AICA, rejeito o dinheiro do Estado e exijo não constar do historial deste prémio.

Paulo Nozolino
1 de Julho de 2010

(obrigado joão correia)

na semana da morte de saramago



nesta semana, ficámos a saber muita coisa:

– que os críticos de saramago, afinal o consideravam um grande escritor

– que um senhor, que responde pelo nome de sousa lara – subsecretário de estado da cultura de um governo de cavaco – reafirmou que voltaria a não apresentar o nome de josé saramago a escritor europeu do ano, uma vez que o “evangelho segundo jesus cristo” ofende o catolicismo da maioria dos portugueses e, ainda por cima, o citado escritor tinha criticado o primeiro ministro cavaco silva. a censura afinal, ao bom estilo da outra senhora, assumida e publicitada.

– que cavaco “não teve o privilégio de ser amigo ou ter conhecido” josé saramago, pelo que não se sentia obrigado a estar presente no funeral. será que terá tido o privilégio de o ter lido?

– que o presidente da assembleia da república também não esteve presente

– que o governo espanhol se fez representar nas cerimónias

enfim que este país está bem entregue e a cultura, um prémio nobel, em portugal, para os seus mais elevados representantes, só valem um representação.

será que não são eles próprios a representação de si mesmos e de muito mau gosto?

assim vamos por cá.

e agora josé?

– agora é urgente reler “levantado do chão” que só assim nos afirmaremos como povo. que os mais altos representantes da nação ainda pelo chão gatinham

consultar:

http://www.atarde.com.br/cultura/noticia.jsf?id=3946257

http://blog.josesaramago.org/

http://www.youtube.com/watch?v=U5IKp320Kxk&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=vuohB_arwRE&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=XjTUC74Ujas&playnext_from=TL&videos=hO91ZO1PNVI&feature=sub