era uma vez “Um sonho”
foram muitos os que hoje vieram assistir ao bota-abaixo do moliceiro “Um sonho”, fotógrafos, amantes do moliceiro, a televisão, autoridades locais, curiosos, gente da terra e de fora…
o barco passou nas provas e regressou de uma breve viagem na ria, em que o mestre zé rito mostrou o que valiam: ele e o barco que acabara de fazer.
queria lembrar aqui que, em 2015 e 2016, 3 novos moliceiros tradicionais foram construídos:
2015
– o “Marco Silva”, feito pelo arrais/mestre marco silva, com o apoio do mestre firmino tavares, filho do mestre agostinho tavares de pardelhó.
2016
– o “Bulhas” feito pelo mestre antónio esteves, da escola do mestre henrique lavoura, também de pardelhó
– o “Um sonho”, feito pelo mestre zé rito, da escola da família raimundo, da murtosa.
são dois anos de luxo para a ria de aveiro. há muito que se não assistia a esta intensidade de construção de moliceiros.
convém lembrar que todos os custos com a construção, pinturas, palamenta e licenças, foram suportadas pelos proprietários, sem quaisquer apoios oficiais.
mais que um barco, o moliceiro, repito-o e repeti-lo-ei tantas vezes quantas as necessárias, é a mais forte expressão da cultura de um povo e um barco único no mundo – o mais belo de todos.
desculpem então se pergunto, e perguntarei tantas vezes quantas as necessárias, porque não é apoiada financeiramente a sua construção?
ao menos para compensar o tempo de antena na televisão.
mas, eu sou dos tais fotógrafos que só aparecem por aqui em certas alturas, nas férias, não têm nada a ver com a terra e só fazem perguntas estúpidas.
“tende-vos calmos que estou de partida.”
viver é ter coisas para fazer e eu tenho muitas para fazer ainda.
parabéns zé rito, boa sorte zé rebelo, obrigado amigos com quem reparti estas últimas semanas e me fizeram sentir mais um entre vós.
estou vivo e recomendo-me.
(torreira; 31 de agosto de 2016)
(nota: as crónicas que têm acompanhado este diário, são da minha autoria e assumo por elas a inteira responsabilidade, independentemente de quem está nas fotografias ou é nelas identificado. as minhas opiniões são minhas e de mais ninguém)