Recriação da safra à moda antiga” – foto 14

giga cheia à cabeça, cinquenta quilos quase, elas caminham com o porte das grandes senhoras que ao vê-las as invejam
Recriação da safra à moda antiga” – foto 14
giga cheia à cabeça, cinquenta quilos quase, elas caminham com o porte das grandes senhoras que ao vê-las as invejam
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 10
giga cheia, giga vazia, pela silha se cruzam as tiradeiras e o sal caminha com elas
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 8
e a giga cai suavemente sobra a cabeça da tiradeira.
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 5
o marnoto enche a giga de sal enquanto a tiradeira espera
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 4
a encher a giga com os punhos (pormenor)
zé pedro
neste registo de 2013 o zé pedro deveria ter ainda 13 anos e já estava a coser o pano de uma vela.
em 2009 com 10 anos quando o avô, o mestre zé rito, construiu o moliceiro no estaleiro ao lado da casa, já ele andava a acompanhar a construção e a “botar” opinião.
depois começaram as participações em regatas, aos 12 anos já era timoneiro no moliceiro do falecido manel valas, onde com 15 anos apenas – ajuda-me se estiver errado, zé pedro – já foi arrais.
em 2014 ou 2015 com o rui (russo) e o ti manel valas, penso que ficaram em 3º lugar na regata da ria, chegando mesmo a ir na frente em alguns momentos da regata.
digo isto sem consultar documentação, de memória. o importante não é o ano, não é o lugar à chegada, o importante é o amor à partida.
o zé pedro, hoje com 19 anos, é um homem da ria, um homem que se houver condições, juntamente com outros jovens, poderá continuar a tradição legada pelos avós.
haja querer que os moliceiros tradicionais e as regatas têm quem as continue.
quando alguns se queixam que não fazem porque a juventude não se interessa, na ria é ao contrário, há jovens que querem continuar, só precisa que lhes dêem condições.
dá deus nozes …..
(torreira; regata da ria; 2013)
no dia 13 de maio de 2018 o moliceiro “FERREIRA NUNES” beijou pela primeira vez a ria, a este primeiro beijo chamamos nós “bota-abaixo”.
filho e neto de moliceiros, antónio ferreira nunes não andou ao moliço, mas para estes homens o moliceiro é um barco que lhes corre nas veias em direcção à ria.
porque era um sonho, porque queria deixar a memória de um tempo, sem apoios financeiros institucionais, investiu do seu bolso.
num terreno baldio, ao lado da casa onde mora, construiu um moliceiro. com a ajuda do mestre zé rito, usando os paus de pontos e os moldes do mestre henrique lavoura.
o essencial ficou dito na entrevista breve, mas há uma coisa que não podemos esquecer: não há razão que explique este amor dos murtoseiros, dos homens e mulheres desta terra, pelos moliceiros.
será que quem manda não ouve, não sente?
admiro-os porque não posso fazer mais.
tenho orgulho na amizade que alguns têm por mim. tenho pena que sejam tão poucos, mas estou feliz por ver que, para além dos que foram moliceiros e por isso querem ter um a navegar, há uma nova geração que nunca andou ao moliço mas que
TEM MOLICEIROS NO SANGUE E OS QUER FAZER NAVEGAR
BEM HAJAM
(o testemunho do dia do bota-abaixo, num apontamento de vídeo, aqui fica)
ferreira nunes
ontem dia 13 de maio, no cais do bico, uma ria de gente assistiu ao bota-abaixo do mais novo moliceiro tradicional da ria de aveiro.
chama-se ferreira nunes, como o seu dono, como o pai do dono, como o avô.
o moliceiro é assim, são gerações passadas lembradas no presente, oferecidas aos futuros.
o nelson, filho de antónio ferreira nunes, e os amigos também deram o seu contributo para que o moliceiro chegasse à água.
querem ver povo, muito povo, na murtosa? dêem-lhe moliceiros.
parabéns antónio, parabéns a toda a família, parabéns à murtosa que filhos como este tem.
os que vivem a ria, os que sabem da importância do moliceiro na história deste povo, estão de parabéns.
houve mais um homem que do seu bolso, só do seu bolso, com a ajuda de outros homens com a mesma “frema”, fez mais um moliceiro.
se isto não é amor à terra e à tradição, não sei o que seja.
(murtosa; cais do bico; 13/05/2018)