o mar
o mar é um rio com uma só margem
o silêncio é uma vela
começas a escrever os dias a repetir a palavra ontem cada dia mais vazia de vida mais cheia de memória em ti habitam os que partiram em ti se demoram no sobrevoar da ria tão deles olhas como te ensinaram e lembras os nomes os rostos ainda ouves as vozes o silêncio é um barco e tu a vela que o tempo enche
era uma vez
na bica da proa o sonho navegou ria fora velas enfunadas brancas sempre brancas poiso de palavras de desejos branca a espuma à ré marca de nada mais também eu
mortal
cresço no tempo de onde vou lentamente partindo solares estes dias lágrima retida desilusão sonho parto e fico é perigoso estar vivo mais perigoso respirar mortal falar
aos amigos
a alegria de estar na ria com os amigos e assistir ao espectáculo das regatas, é um acontecimento que não perco, que não perderei enquanto puder.
o agradecimento ao quim calmaria pela forma como está sempre pronto para mais uma regata e o saber “o que os fotógrafos querem”. boa safra nos mares do norte, quim
ao jim por ter “estado de prontidão” com a sua chata, para o caso de aparecerem amigos à última da hora e que quisessem acompanhar a regata no meio da ria.
ao jorge bacelar, ao silva tavares, à isabel lobo e ao pedro (que vieram de lisboa e do porto, de propósito), pela alegria de estarmos juntos e acontecer fotografia
ao amigo que, do paredão, quando viu chegar a chata, gritou “ah gorim!” – há quantos anos não se ouvia este grito na ria…
haja saúde e para o ano lá estaremos
raízes
vêm de longe trazem nos olhos a limpidez da ria antiga homens inteiros fogem das ribaltas que outros buscam a qualquer preço escondem-se para serem o que sempre foram são eles serão sempre eles as minhas raízes
estou vivo, tenho opinião e escrevo-a
cais do bico; regata do emigrante; 2020
torreira; regata s. paio; 2010
torreira; regata s. paio; 2010
todo o corpo
torreira; regata s paio; 2010
(torreira; regata s paio; 2010)
cais do bico; 2006
cais do bico; 2006