estranha linguagem a dos dedos quando se dão quando tocam quando nos percorrem que segredos contarão que palavras escreverão sensíveis polpas onde o prazer nasce estranha linguagem a dos dedos
saopaio
os moliceiros têm vela (464)
postais da ria (394)
eternidade breve
o assassínio do futuro condena-me a conjugar os verbos no passado se os nomeio folhas secas juncam o chão dos dias inscrevem nomes na memória povoam o silêncio estar vivo é saber da morte dos outros ser a sua eternidade breve outra não há
torreira; regata bateiras à vela; são paio; 2013
os moliceiros têm vela (446)
postais da ria (389)
caminho andado
caminho descalço pelos dias de estar aqui olhos abertos como mãos em tempo de fruta madura caminho descalço dorido de tantos cacos pedras vidros pregos recuso o conforto da cegueira auto imposta felicidade falsa de luas inventadas doem-me os olhos de ser

postais da ria (380)
postais da ria (379)
bom ano

queria falar-te dos dias do tempo cortado às fatias invenção dos filósofos padeiros que pão inteiro era coisa de povo queria falar-te dos anos e outros pedaços maiores do tempo que nem esse para todos igual é falo-te da fome da doença da miséria de como crescem longe e perto escondidos ou mostrados consoante a notícia o exige não o ser homem queria falar-te dos dias quando o ano está a acabar e dizer-te que tudo está diferente e tudo ficou na mesma queria dizer-te que não mudei sou eu o mesmo de sempre desde que comecei a ser quem sou a ter o meu tamanho queria dizer-te que podes contar comigo quando os braços se juntam e é justa a causa queria dizer-te que não estou a teu lado nem calarei a mentira a injustiça o cinismo oiço bem vejo bem sei o que quero bom ano