queria-te
queria-te inteiro dentro de palavra da tua palavra queria-te e falhaste-me onde o madeiro no naufrágio dos dias
(faz hoje três anos)
sentou-se
gostava muito de se sentar e ficar assim a olhar o mar um livro poisado nos braços os olhos pendurados no horizonte como era imensa a janela incomensurável a casa
(nota: reparem na “ferramenta” de aço inox, utilizada para suportar a manga, a conduzir e impedir que roce na areia. na praia da torreira e na de mira, conhecia a técnica do cruzamento dos bordões/estacadões que se fazia para produzir este efeito. inovação meus caros, na xávega inova-se, é bom que se inove porque é sinal de que continua. será que algum dia, alguém ao ver isto vai dizer que já não é xávega? sei lá?)
costa de lavos; 2019
xávega; marga; costa de lavos; 2019
costa de lavos; aparelhar; 2019
o fechar do saco
o poema
o poema
fechou-se sobre si
olhou-se pensou-se
disse-se
o poeta envergonhado
cobriu-se de palavras
descansou
esperar é um acto
de sabedoria
o poema se o houver
dir-se-á de novo
o fechar do saco
(costa de lavos; 2017)
faz-te ao mar
faz-te ao mar tóino
não há pão em casa tóino
faz-te ao mar tóino
talvez dê carapau tóino
faz-te ao mar tóino
talvez dê sardinha tóino
faz-te ao mar tóino
não tens outra vida
faz-te ao mar
faz-te
(costa de lavos; 2017)
vive
tudo é efémero
e belo
o momento existe
e tu
vive
(costa de lavos; 2017)