(costa de lavos; 2019)
costa de lavos
crónicas da xávega (480)
crónicas da xávega (372)
crónicas da xávega (365)
sentou-se
gostava muito de se sentar e ficar assim a olhar o mar um livro poisado nos braços os olhos pendurados no horizonte como era imensa a janela incomensurável a casa
(nota: reparem na “ferramenta” de aço inox, utilizada para suportar a manga, a conduzir e impedir que roce na areia. na praia da torreira e na de mira, conhecia a técnica do cruzamento dos bordões/estacadões que se fazia para produzir este efeito. inovação meus caros, na xávega inova-se, é bom que se inove porque é sinal de que continua. será que algum dia, alguém ao ver isto vai dizer que já não é xávega? sei lá?)
crónicas da xávega (338)
não há

costa de lavos; 2019
não há
caminhos solitários
há caminho
ou não
crónicas da xávega (335)
eu queria

xávega; marga; costa de lavos; 2019
eu queria escrever
hoje
algo sobre o amor
eu que tanto amei
hoje
não consigo escrever
porque não
amo
hoje
não me basta a memória
de ter sido
apetecia-me ser
escrever-te a ti
o que não consigo
escrever hoje
porque hoje
hoje
nada sinto
crónicas da xávega (313)
a sombra

desenhar o contorno
preenchê-lo
deixá-lo assim cheio
de nada
eis a minha sombra
(costa de lavos; 2019)
mãos de mar (60)
areia

costa de lavos; aparelhar; 2019
escrever na areia
escrever com areia
fazer casa na areia
melhor ainda
aceitar que nada mais és que areia
um grão apenas
de areia
crónicas da xávega (288)
navego-me

por entre os dedos
apenas espuma
memória de ondas
as mãos são agora
apenas as mãos
navego-me

(costa de lavos; 2017)
crónicas da xávega (261)

o fechar do saco
o poema
o poema
fechou-se sobre si
olhou-se pensou-se
disse-se
o poeta envergonhado
cobriu-se de palavras
descansou
esperar é um acto
de sabedoria
o poema se o houver
dir-se-á de novo

o fechar do saco
(costa de lavos; 2017)