digo de mim


 

passa por mim o baixo mondego

passa por mim o baixo mondego

 

 

como somos breves

como é ilusório este corpo onde

pendurado o pensar

 

sento-me e vejo que tudo passa

num infinitésimo de tempo

passado presente e futuro estão

 

caio e levanto-me ainda

sorvo o instante como se o último

e grito como se nascesse

 

digo de mim

 

(da janela do comboio, algures entre coimbra e a figueira da foz