crónicas da xávega, torreira (12)


 

o barco de mar maria de fátima, do arrais marco silva

o barco de mar maria de fátima, do arrais marco silva

dos homens

 

não basta crescer no tempo

ser maior no tamanho

contar mais dias

 

o homem

ou cresce por dentro

ou é a desilusão de o não ser

 

que coisa é o homem?”

perguntava drummond

apetece dizer de alguns

nada mais que coisa

nada mais e muito já é

 

estendo os olhos pela areia

sigo rastos efémeros

e pergunto

 

porquê?

 

(deitado na areia, o maria de fátima ouve-me cúmplice e leva-me para longe de tudo isto. estou no meio de um mar, onde só ele sabe levar-me. sonho sem vontade de acordar)

de pé


 

 

 

torreira, barco de maria de fátima

torreira, barco de maria de fátima

é tempo
é sempre tempo
de fazer

agarra o sonho
ele só existe porque tu
desistir é matá-lo
é morreres sem teres sido

não esperes a mão que te prometeram
sê as mãos que tens
com elas faz e faz-te
tu és o sonho a querer ser coisa de tocar

ergue-te
de pé
diz bem alto

hoje aqui agora
sou e quero que sejam