
Foto de Nelson Garrido
A amarga ironia das coisas perdidas, pode ser vista na leitura do livro de João Luís Barreto Guimarães «Movimento», Quetzal Editores, 2020. Observamos que a vida cotidiana se desfaz, mas não a levamos a sério. À medida que perdemos cada vez mais nossa capacidade de nos reconhecer nos outros, reduzimos a realidade a uma série de memes com os quais brincamos, mimando uns aos outros a ponto de nem nos reconhecermos em nós mesmos.
O ralo Retiro a tampa de prata do ralo do lavatório e por instantes parece que o ralo aspira tudo (a barba na loiça branca uma semana feita em espuma) logo seguida do ar que me rodeia e enlaça (a expiração exausta de dias irreversíveis) cedo seguida dos sons que trabalham em redor (o eco das vozes de ontem o próprio silêncio cúmplice) tudo isso pelo ralo num torvelinho espiral que suga…
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