a propósito de “para onde foram os guarda-chuvas”
mais um excelente livro de afonso cruz, com outro livro lá dentro – “Fragmentos Persas”.
a quem ainda não conhece o autor, recomendo este livro e depois… depois há os anteriores e vai-se até ao princípio possível.
mas não é do que escreveu o autor que quero falar, é do que a editora escreveu, isso sim, muito interessante.
no verso da penúltima página do livro, há uma “NOTA DA EDITORA”, que transcrevo
“ Entre os 5000 exemplares da primeira edição deste romance existem 2 que são completamente diferentes: um é a versão diurna, outro a sua versão nocturna.
Se o seu exemplar contém a palavra <Ankara>, escreva-nos para correio@objectiva.pt.
Temos uma oferta para si”
como encomendei o livro mal soube da edição e o li em pouco tempo, com afonso cruz é assim, a 100 à hora, cheguei ao final, li a “Nota Editorial” e, no dia 26 de outubro, enviei um e-mail para o endereço indicado, imbuído do estilo do livro que tinha acabado de ler:
“com licença
o meu exemplar de ” Para onde vão os guarda-chuvas” contém a palavra “Ankara”, aliás como em todos os outros já que, penso, a nota está em todos .
fragmento persa não encontrado
” disse Ali: muitos sabem ler, ó crente, porém nem todos sabem o que leram. alá seja louvado”
cumprimentos “
como não obtive qq resposta, voltei ao ataque no dia 29, com novo e-mail no espírito do livro. foi assim:
com licença
a haver, a vossa maior surpresa para mim, seria o envio, a pagar, do livro “A carne de Deus”, o único romance de Afonso Cruz que não tenho.
fragmento persa nunca encontrado
” disse Ali: os livros não vão para o mesmo sítio que os guarda-chuvas, ó crente, mas também andam muitos infiéis à sua procura. alá seja louvado”
ao fim destes meses todos, nada. esqueci e não esqueci. a semana passada, por mero acaso encontro-me com um representante da editora e conto-lhe o que se passou.
que sim, que havia dois exemplares diferentes, que eu não devia ter enviado o mail para endereço correcto. quanto ao facto de a nota da editora ser algo sem sentido, remeteu para …. nem me lembro quem, porque afinal “há sempre outro”.
é pena que a edição dos nossos melhores autores esteja assim entregue a quem brinca com a língua que parece desconhecer.
fica aqui o desabafo e a melhor coisa é não acreditar no que lês, isso é ficção, embora não seja da melhor.
por favor leiam o livro e todos os outros do afonso cruz, ele não tem culpa