trazem o tempo
de regresso
ao lago
dos olhos
perfumando as ruas
das trevas
disseram ser
a idade
de onde
outra luz
hoje são
precioso o rigor
olhos às mãos
atentos na minúcia
dos movimentos
precisos
gestos destros
de carinho
afaga metais madeira
pedra
do amor quotidiano
pelas pequenas coisas
despretensiosas
gentes obras erguem
ofertadas com a delicadeza
do chá saboreado em tendas
que nos cobrem do sol
do tempo em que
ali permaneço
preso ao labor e ao amor
não ao negócio
que esse vem depois
com a necessidade de subsistir
falo deles
e a arte são
(buarcos, feira medieval, páscoa 2012)
isabel baptista
olha as pedras
as runas nelas
inscritas
manuseia-as
há algo de estranho
no seu olhar
as pedras
colhi-as no meu rio
celtas os caracteres
rituais
escritos a sangue
são agora memória
e símbolo
de olhos fechados
apanhei uma pedra do cesto
com a runa do dia
o significado, perguntei
encontro e amor
de tudo isso se tinha feito
o meu dia
sorte?
coincidência?
que importa
a runa falou
e disse a verdade