só se no mar


lagoa azul

 

do milheirão
a companha se dizia
lagoa azul
do barco o nome

venceram o mar
não venceram o tempo
foi-se a companha
jaz o barco em terra
no barracão envergonhado
de não ter mais mar

barco em terra deixado
é madeira afeiçoada e decorada
mas jamais
lhe poderás chamar barco
que mar não vê já

foram-se os homens
a outras companhas o pão
ganhar
que esta é a vida de quem nasceu
para ser homem só se no mar

(praia de mira; companha do milheirão; 2009)