nem toda a beleza
como ardem as lágrimas
que não encontram olhos
(torreira; regata s. paio; 2015; a espera)
regata s. paio, 2015
vencedor: moliceiro zé rito
tripulação: zé rito; manuel rito; alfredo miranda
2º classificado: moliceiro a. rendeiro
tripulação : zé rebeço e manuel antão
3º lugar: moliceiro marco silva
tripulação: marco silva; sérgio silva e miguel silva
uma regata com pouco vento mas muita competição. a minha go pro estava montada neste moliceiro, por isso em breve teremos o vídeo da regata. haja tempo
(torreira; regata do s. paio; 2015)
felicidades
não percas tempo
com os fragmentos
jamais refarás
o que se quebrou
tu já não és tu
nada é o que já foi
nada será o que
podia ter sido
há um começo tardio
para um final próximo
é essa a estória do depois
é tarde muito tarde
longe vão as manhãs
só te resta esperar
e reaprender os dias
felicidades
(torreira; regata do s. paio; 2012)
os silêncios essenciais
do começo
só o que te contarem
o fim
nunca o poderás contar
no entanto
nascer e morrer
são os momentos
mais importantes da tua vida
nada mais és que o intervalo
entre dois silêncios essenciais
(torreira; regata do s. paio; 2014)
a vida não é uma parábola
depois de o executarem
disseram que não era culpado
incapaz de se levantar
o executado sorriu
um sorriso de cinzas
ainda hoje quando o vento
sopra do norte
vejo-as voar e cobrir de pó
tudo quanto a sul
afinal estava tudo na bíblia
como é costume
que tudo lá cabe excepto
a vida
que não é uma parábola
(torreira; regata do s. paio; 2014)
para o meu amigo dr. peres
não sei onde está agora
aquilo que do teu corpo
em cinzas tornado foi
recordo as tuas palavras
“então e o meu amigo como vai?”
e eu ia com a tua ajuda
a música a poesia a pintura
um mundo onde habitar
era ter um amigo dentro
cuidavas mais dos outros
que de ti
talvez por isso te descuidaste
e já não és
escrevo só para te dizer
obrigado
obrigado por teres sido
(torreira; regata do s. paio; 2010)
lembro-me agora, meu amigo, que nunca chegámos a comer, juntos, uma caldeirada de enguias
boa noite
no meu peito já voaram
pássaros nuno
não me lembro quando
agora nenhum nidifica
sequer num ramo pousa
sorrio aos dias
aqueço-me numa réstia de sol
sempre que posso
nem sempre quando quero
escrevo-me devagar
nunca sei se
no meu peito já voaram
pássaros nuno
não me lembro quando
boa noite
(torreira; regata do s. paio; 2012)
lembro aqui o título do primeiro e, para mim melhor, livro de nuno camarneiro: ” No meu peito voam pássaros”. façam o favor de o ler
retrato de quem nele se revir
serem os altares poucos
pequenos os palcos
para tantos artistas
com asas no peito
sem rosto visível
acrobatas do vazio
como pode ser grande um país
com tanta gente piquena
sabedora de tanto
conhecedora de muito mais
habitantes de janela
estrelas decadentes
em busca de um céu
quem sabe se debaixo
da terra que pisam
vou pela sombra
que estes sóis não são
de confiar
(torreira; regata do s. paio; 2012)