e vai ao mar!
porto de partida
jamais de chegar
ser barco ainda
sem tempo
de deixar o mar
(para o alfredo amaral)
há um perto longe
por dentro das palavras
amigo tem
m de mar
a de alfredo
o de ondas
há uma mão estendida
um abraço
uma onda que não morre
na praia dos dias
longe do mar
dás-me o que te não posso dar
o sorriso da memória
dos dias vividos ao pé do mar
há homens assim
que não vencendo as ondas
por ficarem em terra
vencem a geografia
e se excedem de tanto
a criança fez-se homem
o jovem envelheceu
a amizade nunca aprendeu
a linguagem do tempo
hoje vieste ter comigo
quem somos nós?
que tão pouco contamos
a não ser para as contas dos que
contos nos contam de encantar
quem somos nós?
que gente é esta que ganha ao mar
para perder em terra?
flores no peito vermelhas em abril
secam o ano inteiro em jarras
de fato e gravata
decorando salas onde se passeiam
camaleónicos figurantes
quem somos nós
que deixamos de ser
para sermos o que querem?
vencer o mar
não é vencer na vida
(torreira; companha do marco)