mãos (10)


vazias mãos de 
tanto terem dado

sou
o que resta
migalhas de mim
por aí espalhadas

e eu 
eu nada
ao dar dei-me
e fiquei assim

vazio de mim
a olhar o horizonte
o sonho perdido no mar
a gaivota a passear a areia
o desespero

não regresso
fui-me
e não voltei

resta o casco
carcomido
encalhado

não cansado

(reparar redes; torreira; 2011)

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