não
recuso-me a não ser
do meu tempo
recuso-me a não ser
as pedras-palavras
as palavras-pedras
no vidro dos dias
não
recuso a cegueira
auto imposta para
sossego das noites
como feridas abertas
pururlentas estes dias
escrevo-te o ser hoje
o ontem e temo o amanhã
não
não quero ser mais um
silêncio sentado no sofá
a cumentar calado
recuso-me a ser cúmplice
por omissão
as palavras são a minha
intifada aqui
(skimboard; tamargueira; buarcos; 2011)
