se perguntarem por mim


sobre o vazio
os braços
estenderam-se

há algo lá dentro
um corpo
uma voz
uma carícia
um sonho

se perguntarem por
mim
diz que me viste ser levado
com
camisa de forças vestido
a boca tapada
as mãos atadas atrás
das costas

se perguntarem por mim
diz
que estava a agarrar o vazio
num dia de sol

foi então
que os mentores da ordem
polícias dos sonhos proibidos
me levaram

espero um dia
trazê-los comigo

entretanto
se perguntarem por mim
diz

não partiu
que ele não parte nunca
deve de estar a chegar

(coimbra; calçada portuguesa; 2006)