longe de mim


trago no corpo
o sal do verão
bailes de mar
nos olhos

estou vivo
outono dentro de outono
continuo ainda
a ser corpo

virá a chuva
os dias mais curtos
o céu mais carregado
a angústia serena
agora

virá também o oiro
semeado nas vinhas
que não verei
porque longe do mar

tudo
o que é longe do mar
é longe de mim

até estas palavras
o são cada vez mais

(torreira; sol outonal)

Deixe um comentário