recuso-me a cantar
o outono
celebrarei sempre
o verão
mesmo se já não
o outono dos poetas
é o pó em cima do piano
onde já não há pautas
para músicas de dança
recuso-me
a dizer que quando os dias
diminuem e a noite cresce
me invade a serenidade
outonal pintada de oiro
pudesse eu sentar-me
ao piano que não tenho
e martelaria nas teclas
o meu grito de raiva
por o verão me ter
mais uma vez abandonado
quero sol e mar
o mais é insosso


