quando o mar trabalha na torreira_da partida


 

sinto que posso partir

o tempo passou

como o norte no cabelo

 

a despedida está feita

volto à terra

ao seu seio mais fundo

 

a minha viagem

foi longa

o destino aproxima-se

aí me apearei

e serei terra também

 

deixo no mar

nos meus irmãos

de outros arados

a lembrança

de um vestido negro

e um guarda chuva em dias de sol

 

vim da terra

à terra volto

levo comigo o mar

sei que vou morrer

cheia de vida

 

(torreira, século XX)