como já escrevi sobre este assunto um breve texto: “sobrevivência dos pescadores na ria de aveiro”, retomo apenas o já dito sobre a apanha de bivalves e parto daí.
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– bivalves (berbigão e amêijoa – de várias qualidades, sendo a predominante a “invasora”, denominada “japónica”. a apanha só é interrompida caso sejam detectadas nas águas microorganismos perigosos para a a saúde humana e é feita recorrendo às seguintes arte legais: cabrita alta, cabrita baixa, à mão e em apneia com tubo.
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a vida dos pescadores, quaisquer que sejam eles, é uma vida dura de grande desgaste físico e emocional, a que acresce no caso pescadores da ria no concelho da murtosa uma exploração inconcebível por parte de alguns intermediários.
a incapacidade, há muito evidenciada, e sem resolução à vista, dos pescadores da murtosa se organizarem por forma a controlarem todo o processo da pesca – da apanha à venda -, faz com que sejam esburgados pelos 2 intermediários, dos quais um é dominante, e que lhes compram linguados, chocos e bivalves, para revenda.
para além de serem miseravelmente pagos, não podem sequer pôr em causa o peso de pescado calculado na balança do intermediário, e, imagine-se, muitas vezes nem sequer sabem, no acto da entrega, a quanto lhes vai ser pago o quilo !!!!!
praticamente todos os pescadores têm um “contrato de fidelização” com um dos revendedores, sendo que a cláusula relevante do mesmo é a penalização do pescador em 500 euros, caso seja “apanhado” a vender o que pescou a outro comprador.
no que diz respeito aos bivalves, que são maioritariamente revendidos para espanha (galiza), para consumo imediato ou povoamento de viveiros, é o revendedor que determina as quantidades, o preço, os dias e as horas a que os quer receber.
pode-se dizer que a única fonte de rendimento, quase permanente, dos pescadores/mariscadores do concelho da murtosa, e são muitos, é a apanha de bivalves, a qual gera não pouca riqueza nos bolsos dos intermediários.